Projeto para a sede da Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento do Pessoal de Nível Superior) em Brasília, premiado no Concurso Público Nacional, promovido pelo Instituto de Arquitetos do Brasil.
local: Brasília - DF - Brasil
ano do projeto: 2007
arquitetura: Claudia Nucci, Valerio Pietraroia e Sergio Camargo.
Bruna Jorge Alves, Amarílis Piza, Michelle Catta-Preta, Heloísa Mello De Castro, Filipe Lima Romeiro.
Concurso Público Nacional de Arquitetura para a Sede da CAPES | Brasília | 4º lugar
2007
Brasília - DF
O tema
proposto para o presente concurso reserva uma singularidade dentro do universo
dos edifícios públicos que dominam brasília. Não se trata de um edifício de
ordem monumental, nem tão pouco de grande atração de público, mas também não é
mais um bloco administrativo de um órgão federal, como tantos outros
distribuídos no plano piloto.
O edifício sede da capes deve representar de maneira clara a seriedade como a educação superior é tratada no brasil. A sua atuação no desenvolvimento humano nacional deve estar visível na forma como o edifício será implantado, resultado de um projeto capaz de criar uma identidade própria e definindo um lugar característico, resultado das condições oferecidas pelas qualidades desse território.
Mais do que o espaço de trabalho, trata-se do espaço de relacionamento do corpo de funcionários com os inúmeros consultores espalhados pelo país, mas regularmente ligados pelos processos de avaliação e de desenvolvimento curriculares.
O território
A área escolhida localiza-se de maneira estratégica entre as embaixadas ao norte do eixo monumental e o início da asa sul, muito próximo ao lago, em um terreno com duas frentes. A frente oeste abre-se para uma rua secundária, de serviço, saturada pela ocupação de outros órgãos e, em especial, pelo ruído de geradores e de pátios de carga e descarga. A frente leste, sete metros abaixo da anterior, volta-se para uma avenida larga, dominada pelas embaixadas, construções baixas, com vista privilegiada para o lago e, a sudeste, para o eixo monumental.
A proposta e a tipologia
A proposta apresentada partiu do elemento do programa que se destaca, o espaço de consultoria, atravessando longitudinalmente o lote no sentido leste oeste, implantado no nível da soleira 1.046,384, denominado aqui 0,00 - térreo superior.
Esse grande espaço horizontal que deverá receber em suas variadas salas de reuniões e de eventos representantes das instituições universitárias de todo o país, faz a ligação entre as duas ruas, vence o desnível do terreno, define o espaço de acolhida e conecta-se com todas as outras atividades do edifício.
Dois blocos dispostos na periferia desse eixo longitudinal, paralelos ao limite norte e sul, formam um grande pátio central protegido, sombreado, relacionando-se direta e indiretamente com o espaço de consultoria.
As diretorias são distribuídas nesses blocos. Aquela que necessita de uma relação direta com o público, a de gestão, ocupa o térreo inferior, onde se localiza o acesso principal, as áreas de carga e descarga e o acesso do estacionamento.
As demais diretorias e a presidência estão nos dois níveis logo acima do espaço de consultoria, beneficiando-se do terraço criado. Os blocos são interligados por uma galeria periférica que define a volumetria externa, uma grande varanda linear, sombreada nas fachadas norte e oeste por uma grelha de elementos vazados cerâmicos que, prolongada até a cobertura, cria um grande “pergolado” de proteção.
Na cobertura os terraços dos blocos norte e sul são atravessados transversalmente pelo restaurante, que se abre para a vista, a leste e sudeste, do lago e do eixo monumental e, a oeste, para o terraço sombreado pelo pergolado. A intenção é de dotar o espaço de trabalho de espaços de relacionamento, de troca de informações e experiências entre os ocupantes e os consultores, e definir, ao mesmo tempo, situações diferenciadas de atividades, capazes de atender às necessidades expressas nas bases do concurso e permitir a abertura suficiente para atender a evolução dessas utilidades. Um conceito de plataforma, que permita a conexão das diretorias atuais e seus desmembramentos, com a flexibilidade suficiente para receber as novas funções em implantação e outras futuras.
Modularidade
O projeto atende ao programa proposto no edital, previsto para os próximos 10 anos. Para isso, os espaços são abertos e modulados, definidos por uma malha estrutural onde os vãos generosos, permitidos por métodos de proteção, e a disposição estratégica dos blocos de circulação vertical e de instalações ofereçam liberdade na ocupação e na qualificação de cada espaço.
Estacionamento
Um item significativo solicitado pelo programa, o estacionamento para 800 vagas, foi resolvido tomando-se partido do desnível natural do terreno. Dois pavimentos em subsolo e parte do térreo inferior serão utilizados para responder a essa solicitação, com acessos pelas duas ruas, permitindo independência entre as atividades da capes e a utilização das vagas por terceiros. O estacionamento do térreo inferior será iluminado e ventilado naturalmente aproveitando-se da inclinação do auditório em relação ao nível de implantação. As vagas externas, distribuídas entre os dois níveis térreos, serão arborizadas e o piso composto por material drenante, como concregrama.
Auditório
O auditório destaca-se na ala oeste, diretamente ligado ao centro do edifício, mas ao mesmo tempo voltado para atividades independentes, dotado de acesso próprio e estacionamento. Sua ocupação interna não deverá ser fixa: as fileiras em desnível podem ser transformadas para receber até 4 salas menores com configurações variadas.
Acessibilidade
O projeto promove a total acessibilidade nas diversas áreas, em particular nos espaços de consultoria onde o público é variado e que se desenvolvem em um único piso. Todos os blocos sanitários são adaptados e os estacionamentos possuem as vagas localizadas estrategicamente.
Aspectos ambientais
A implantação e volumetria propostas são decorrentes das preocupações descritas até aqui. São também, e principalmente, resultado da compreensão dos aspectos ambientais existentes. O clima quente e seco de brasília foi considerado de maneira prioritária na determinação das áreas protegidas, na introdução de pátios e terraços dotados d espelhos d’água e de vegetação, orientados favoravelmente em relação aos ventos predominantes a leste, durante a estação seca, o que qualificará de maneira positiva os espaços criados, situação rara na capital federal.