Projeto vencedor de concorrência pública promovida pelo Senai SP (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial) para a elaboração de um padrão de escolas técnico industriais. Como projeto piloto, sua implantação em Bragança Paulista foi o primeiro de uma série doze unidades projetadas pela npc e construídas no interior do estado de São Paulo.
local: Bragança Paulista - São Paulo - Brasil
ano da obra: 2016
ano do projeto: 2011
área da obra: 12.200 m²
Arquitetura: Claudia Nucci e Valério Pietraroia
Rafael Montzi, Renata Buschinelli, Thalita Oliveira, Juliana Guarnieri e Carolina Laterzza de Almeida
Arquitetura de Interiores: Npc Grupo Arquitetura
Paisagismo: Koiti Mori e Klara Kaiser Arquitetos Associados
Estrutura Metálica: Heloisa Marangoni – Cia de Projetos Ltda
Estrutura Concreto: Claudio Puga & Engenheiros Associados
Fundações: Zf & Engenheiros Associados
Elétrica: Projetécnica Engª de Projetos Ltda
Hidráulica: MBM Engenharia Ltda
Ar Condicionado: Climaplan Projetos Térmicos Ltda
Consultoria Caixilharia: SSG Consultoria
Conforto Ambiental: Green Consulting Arquitetura e Engª. Ltda
Reiv: Juliana Antunes e Jorge Sakai
Maquete: Gabriel Pietraroia e Vitor Endo
Maquete Eletrônica: Estúdio Eter
Orçamentos: Ana Flora Anacleto
Fotos: Pedro Vannucchi
Gerenciamento: Ductor
Construção: Construtora Guarany Ltda
Estrutura Metálica: Portoserra Estruturas e Esquadrias Metalicas Ltda.
Premiação IAB-SP | Instituto de Arquitetos do Brasil | Menção Honrosa | Categoria Edificações
2012
Bragança Paulista - SP
A obra foi selecionada e exposta em:
Congresso Latino Americano da Construção Metálica - São Paulo - 2016
Foi tema abordado nos cursos de graduação e pós-graduação:
Arquitetos Paulistas - Faculdade de Arquitetura e Urbanismo de São Paulo - 2017
Arquitetura Contemporânea Paulista - Faculdade de Arquitetura e Urbanismo de São Paulo - 2018
Publicada em:
Revista Projeto Design 396 - fevereiro/2013
Revista Projeto Design 431 - maio-junho/2016
A partir da
elaboração do projeto padrão e de sua implantação piloto, nossa equipe
desenvolveu outras 11 implantações (Valinhos, Araras, Sorocaba, Cotia,
Paulínia, Registro, Votuporanga, Araçatuba, Mairinque, Guaratinguetá e
Iracemápolis), das quais 8 foram foram construídas.
A proposta arquitetônica se define dentro de uma visão de sistema e não da repetição do modelo padrão, como previa inicialmente o contrato. Isto significa estabelecer soluções de ordem espacial e construtiva, baseadas em relações arquitetônicas e urbanas de ordem formal e simbólica capazes de responder às imprevisibilidades programáticas e contextuais.
Quando falamos em sistema, estamos nos referimos ao projeto como sistema que constrói espaços e relações que interagem interna e externamente. Cada edificação que compõe o padrão tem pouco valor arquitetônico isoladamente. Sua força é decorrente do conjunto edificado, que permite que as relações citadas respondam à complexidade do entorno.
Se nossa realidade vem se transformando em ritmo acelerado, podemos admitir que a arquitetura para a aprendizagem deve criar não somente as possibilidades de evolução baseadas na flexibilidade espacial, mas sobretudo, abrir caminho para as novas relações sociais que ainda pouco conhecemos.
Neste caso, a arquitetura trabalha com um significativo grau de incerteza. Num primeiro momento, o contexto indefinido obriga à reflexão sobre as diversas variantes geográficas e ambientais que encontramos no território definido, ou seja, todo o estado de São Paulo. Mas vale lembrar que a realidade a ser encarada pelo projeto não se limita às condições naturais. É na diversidade do ambiente urbano ou suburbano, em metamorfose constante, que a arquitetura proposta encontra os maiores desafios e a qual deverá responder com maior objetividade.
Para que isso seja possível, o projeto propõe, entre outras estratégias, qualificar os lugares intermediários, originados das relações de associação e de proximidade entre as edificações. Os ambientes de convivência e troca devem cumprir um papel primordial nas inúmeras implantações previstas, ou seja, ser um dos fundamentos, um dos elementos constitutivos do projeto, de forma a participar da desejada evolução programática e de estabelecer as necessárias interações urbanas, como pode ser observado nas simulações e nas imagens das obras em andamento.
Ainda que os programas para a aprendizagem técnico industrial trabalhem com grande precisão, há também determinada imprevisibilidade presente, que pode ser divididas em duas categorias principais. Em primeiro lugar, a vocação industrial das cidades do estado de São Paulo são extremamente variadas, o que interfere diretamente na definição das demandas de infraestrutura, insumos e de recursos humanos. Tal vocação vai desde a indústria calçadista, a de confecções, até a eletroeletrônica e petroquímica, passando pela automobilística e pela de alimentos, entre outras, cada uma com características extremamente distintas.
Em segundo lugar, sabemos que o setor industrial vive em permanente evolução, gerada pela tecnologia e automação. Para tanto, mais do que se adaptar às diversas vocações industriais, o projeto deve aproximar os diversos lugares da aprendizagem como maneira de oferecer caminhos e oportunidades de novas práticas produtivas. Em outras palavras, não se trata de bem definir isoladamente objetos arquitetônicas especializados e aproximá-los para que desempenhem sua função. Seria mais do que isto, ou seja, o projeto os coloca em frequente tensão ao investir na interrelação de sua dinâmica programática e ao reservar especial atenção à materialização de situações de aprendizagem, ou seja, trata-se de potencializar as conexões dos espaços entre si e com os espaços intermediários.
Do ponto de vista construtivo, foram definidas soluções que atendem às condições citadas acima, dentro de parâmetros de racionalização modular o que permite sua materialização em todas as regiões do estado de São Paulo, como pode ser observado nas imagens das obras em andamento.
O projeto, assim, constrói um padrão, como fora solicitado, porém ao se basear na noção de sistema, oferece liberdade para cada situação proposta.
É importante lembrar, ainda, a importância simbólica que o equipamento destinado à aprendizagem industrial deve assumir. Ao repetir o projeto em cada implantação, é possível construir uma identidade sem a necessidade de fazer o mesmo, o igual e sim reservar grande espaço ao diferente, ao imprevisto. Ao reconhecê-lo, pode-se estabelecer processos de apropriação que cria o novo, ainda que baseado na repetição. Como acontecimento, o projeto baseado no sistema reapropria as condições do ambiente sem que seja decorrência estrita do contexto.